As fraturas do fêmur proximal podem ser divididas anatomicamente em:
– fraturas da cabeça do fêmur
– fraturas do colo (subdivididas em intra e extra capsulares)
– fraturas da região trocantérica
– fraturas da região subtrocanteriana
Estas fraturas podem ocorrer em idosos por traumas banais devido à osteoporose avançada ou em jovens, decorrentes de traumas de alta energia, como acidentes automobilísticos, quedas de altura, etc.
Fraturas da cabeça femoral
Decorrem de traumas de alta energia e seu tratamento pode incluir desde um simples período de repouso, artroscopia para retirada de fragmentos, fixação dos fragmentos por cirurgia aberta ou até prótese total de quadril nos casos mais graves.
As indicações de tratamento dependem da localização e do tamanho dos fragmentos, lesões associadas, idade, demanda funcional do paciente, etc.
São consideradas fraturas graves do ponto de vista de prognóstico articular, podendo evoluir para artrose precoce, mesmo com o tratamento perfeito instituído.
Fraturas do colo do fêmur
Compreendem uma gama ampla de tratamentos, dependendo da idade cronológica (e principalmente biológica) do paciente, ou seja, sua saúde de modo geral, demanda funcional. São importantes ainda na decisão do tratamento a localização da fratura (dentro ou fora da cápsula articular) e seu desvio inicial.
De modo resumido, a tendência é de fixarmos as fraturas sem desvio e aquelas que ocorrem fora da cápsula do quadril, pois apresentam melhor potencial de consolidação.
Em jovens geralmente optamos também por fixação, na tentativa de salvar a cabeça femoral.
Os meios de fixação podem ser através de parafusos canulados, ou placa-pino deslizante, chamadas pela sigla consagrada: DHS (dynamic hip screw – parafuso dinâmico de quadril) e suas inúmeras variantes
Em idosos com fraturas intracapsulares desviadas, com menor potencial de consolidação, geralmente optamos por substituição articular, através de próteses totais ou parciais de quadril. Estas permitem uma recuperação mais rápida e diminuem o risco de necessidade de uma nova intervenção cirúrgica.
Saiba mais no link sobre artroplastia do quadril, no menu “informações”.
Fraturas transtrocanterianas
São as mais típicas do quadril idoso, por tratar-se de uma área fragilizada pela osteoporose.
Possuem bom potencial de consolidação. Geralmente são fixadas através de DHS ou por hastes proximais chamadas de céfalo ou cérvico-diafisárias mais conhecidas pelos nomes comerciais de PFN (proximal femoral nail) ou Gamma nail e suas inúmeras variações.
Excepcionalmente podem ser usados outros tipos de placas, como as bloqueadas.
Fraturas subtrocanterianas
Ocorrem na área de transição do osso esponjoso para um osso mais duro, cortical. É uma região do osso sujeita a forças musculares poderosas que quase sempre causam desvio importante dos fragmentos.
Normalmente tem uma evolução mais lenta para a consolidação. Para seu tratamento são utilizadas placas DCS invertidas ou hastes intramedulares como o Gamma nail.
Aspectos gerais
De modo geral as fraturas do fêmur proximal são de tratamento cirúrgico. Existem exceções à esta regra, mas são raras.
Tratam-se de lesões sérias, que devem ser abordadas com todo o suporte médico necessário.
Nos jovens, são lesões de alta energia, podendo estar acompanhadas de traumas em outros órgãos e sistemas.
Nos idosos, geralmente refletem um estado de saúde que já não é mais o ideal, além de ser muito frequente nesta faixa etária a associação com diabetes, problemas cardíacos, etc.
Logicamente são situações que envolvem riscos, porém o tratamento cirúrgico se impõe (a menos que haja alguma contra-indicação absoluta à cirurgia) já que o tratamento não cirúrgico não apresenta bons resultados e expõe o paciente a outros riscos devido à imobilização prolongada no leito.
O tratamento definitivo é decidido pesando-se os prós e contras de cada opção, caso-a-caso.
Cada tipo de fratura tem um prognóstico diferente. Em algumas situações a recuperação pode ser completa, já em fraturas mais graves, principalmente nos idosos, pode haver necessidade de reoperações ou mesmo uso de apoios (muleta ou bengala) de maneira definitiva.